segunda-feira, 9 de abril de 2018

A brilhante TED Talk de Pedro Lamares

Para quem não conhece, as TED Talks (https://www.ted.com/) representam palestras/conferências dadas por especialistas de várias áreas. O objetivo da fundação Sapling, que financia o projeto, passa pela divulgação de ideias que, no seu entender, merecem ser disseminadas. Aliás, o slogan da TED é, precisamente, "Ideas worth spreading".

Há não muito tempo, descobri e passei a conhecer o projeto da referida fundação (por sinal, uma Organização Não Governamental, o que, da minha perspetiva, lhe atribui particular credibilidade e honorabilidade), na altura graças ao prestigiadíssimo ator português nonagenário Ruy de Carvalho, com cujas assertivas e sábias palavras acerca do sonho e da sua importância na sociedade atual me deleitei. Não obstante, não é dele que falo neste meu texto. Talvez fique para outra altura. Certamente, merecê-lo-á.

Tão ao mais brilhante que a intervenção de Ruy de Carvalho foi, de facto, a TED Talk de Pedro Lamares, na cidade do Porto. Mas quem é Pedro Lamares? Admito que esta pergunta paire sobre a cabeça de muitos que, neste momento, leem as minhas palavras. Não se sintam incultos por não o saberem. Também eu não o conhecia até à sua participação, como personagem principal, na telenovela A Herdeira, atualmente em exibição na TVI. Depois de alguma investigação, descobri o lado de declamador do ator portimonense de 36 anos e, posteriormente, a TED Talk de que hoje vos falo.

Numa intervenção designada "A poesia não se serve em pratos de balança", Pedro Lamares questiona a importância excessiva que os números têm no nosso quotidiano, desde as médias de acesso ao ensino superior, ao sistema económico contemporâneo, defendendo uma sociedade na qual seja dada à cultura (e, em particular, à nossa literatura) a oportunidade de desempenhar um papel central na construção daquela, em função das inúmeras deficiências que uma sociedade dominada por economistas irrefutavelmente apresenta.

Intercalando o desenvolvimento do seu pensamento com a declamação de textos (sobretudo, poemas) que são, para si, marcantes, Pedro Lamares acaba por apresentar uma perspetiva interessantíssima sobre o mundo de um modo absolutamente brilhante. Deixo-a abaixo.


segunda-feira, 2 de abril de 2018

O projeto, as motivações e a escolha do nome

Neste dia 2 de abril de 2018, decido abraçar um projeto que já tinha em mente há algum tempo - um blogue pessoal. Faço-o, porque me senti na necessidade de criar um espaço meu, onde possa expressar os meus pontos de vista sobre os demais assuntos, expor aquilo que considero interessante, desde textos a músicas, desde sítios a pessoas, sem pressões e sem comprometimentos. Em suma, pretendo que este lugar seja um reflexo da minha pessoa. Dou, deste modo, a qualquer um a oportunidade de me conhecer, se for essa a sua vontade.

Um dos obstáculos com que me deparei logo à partida para a criação deste blogue foi a sua designação. Depois de algum tempo de reflexão, creio, apesar das dores de cabeça, ter chegado a um nome interessante, suficientemente abrangente e condizente com a minha perspetiva de vida. "O Espetáculo do Mundo" passa, assim, a ser o meu lugar neste infindável mundo que é a Internet.

Como é habitual nas melhores ideias, estas surgem, aparentemente, do nada e, de facto, foi em mais um dos meus pensamentos aleatórios que me veio à cabeça parte do título do poema (que deixo no final) "Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo", da autoria de Ricardo Reis, o heterónimo de Fernando Pessoa que representa a sua faceta clássica e estoico-epicurista, isto numa altura em que me venho surpreendendo positivamente com O Ano da Morte de Ricardo Reis, a primeira obra (e talvez não seja a última por este andar, pese embora o geral desamor que nutro pela leitura) que leio do nosso Prémio Nobel da Literatura, José Saramago.

A este nível, devo confessar que não me tenho como nenhum sábio. Porém, considero, tal como o referido heterónimo pessoano, que o mundo representa, efetivamente, um verdadeiro espetáculo com o qual me deparo todos os dias e, como espetáculo que é, não me agrada em todos os atos e momentos (ou até personagens) apresentados.

Apesar da sintonia identificada, creio marcar uma clara diferença para com Ricardo Reis, na medida em que, ao contrário dele, não me consigo contentar com o espetáculo do mundo (e talvez tenha a ver com isso o facto de eu não ser sábio - não só, mas também), não me conformo, e, consequentemente, faço questão de deixar claros os meus pareceres (se possível, fazendo-os valer nas minhas ações) em relação ao que nele se passa. Esta assume-se, por conseguinte, como a finalidade última do meu blogue.

Desta forma, não prometo que as minhas opiniões sejam sempre consensuais, mas garanto que a sua emissão, sincera, far-se-á sempre no sentido de melhorar o "espetáculo", enriquecendo o diálogo; nunca numa perspetiva destrutiva. Idealmente, poderemos aspirar, com esta postura, à construção de uma sociedade melhor.

O autor,

Gonçalo Ferreira da Silva.

NOTA: Deixo, então, o poema em cujo título me inspirei para dar nome ao blogue que agora nasce.

"Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo,
     E ao beber nem recorda
     Que já bebeu na vida,
     Para quem tudo é novo
     E imarcescível sempre.

Coroem-no pâmpanos. ou heras. ou rosas volúveis,
     Ele sabe que a vida
     Passa por ele e tanto
     Corta a flor como a ele
     De Átropos a tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
     Que o seu sabor orgíaco
     Apague o gosto ás horas,
     Como a uma voz chorando
     O passar das bacantes.

E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,
     E apenas desejando
     Num desejo mal tido
     Que a abominável onda
     O não molhe tão cedo."

Ricardo Reis, 19 de junho de 1914.



O Efeito Dunning-Kruger

«O ignorante afirma, o sábio duvida», já dizia Aristóteles, séculos antes de a psicologia nomear um efeito para explicar o porquê de tantos...